segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O caso freeport





MÁRIO CRESPO brindou-nos uma vez mais com a sua lucidez e estudo dos assuntos .
Desta feita sobre o " CASO FREEPORT "
Como ele diria : A NÃO PERDER !
Com a devida vénia, não resistimos à trancrição :

"ALEGAÇÕES FINAIS
00h00m
Já ninguém fala do Freeport. Fala-se só de Lopes da Mota. E do Eurojust. Que a maior parte de nós não fazia ideia de que existia. A alegada culpa de tudo (dos flamingos desalojados ao centro comercial na Rede Natura) foi de Lopes da Mota. De mais ninguém. Actuou, alegadamente, por si. Foi, por si, sub-repticiamente, ao centro de uma investigação do mais melindroso que Portugal já viu, falou com investigadores, sensibilizou-os para o melindre político, e fez tudo isto por sua iniciativa. Não foi dar sermões alegadamente encomendados. É verdade que se reuniu formalmente com o ministro da Justiça (várias vezes). Mas não falaram do Freeport. É verdade que, noutra incarnação, Lopes da Mota foi colega num alegado governo do mesmo primeiro-ministro que o nomeou para o Eurojust e a quem compete demiti-lo por alegado abuso de confiança, levado aos alegados limites.O mesmo primeiro-ministro que, embora não conste do processo Freeport, é o alegado centro do "chamado caso Freeport" (que é como a Procuradoria-Geral se lhe refere nos seus comunicados). Mas Lopes da Mota não falou do Freeport com Sócrates. Nem com Alberto Martins. Chegou alegadamente a Lisboa e foi a correr para um alegado almoço com os procuradores que investigam o Freeport. Aí, confirma que falou muito do caso Freeport. Alertou, avisou, admoestou, sugeriu, insinuou e aconselhou, mas foi tudo lavra sua.Não tinha nem mandato nem mandado. Alegou, exemplificou e declarou, mas por si só. Feita a solitária peregrinação ao santuário jurídico-formal, regressou à sua torre de marfim em Haia, onde, inspirado em Baruch Espinoza, continuou a filosofar sobre o direito e a ponderar sobre os convenientes e inconvenientes dos prazos de prescrição de alegados crimes cometidos por alegados criminosos. Sozinho no estrangeiro, estas coisas ganham um carácter obsessivo. Lopes da Mota foi levado por isso e foi fazendo telefonemas para os investigadores repetindo as prevenções, recordando pormenores, arguindo com novos sinais, alvitrando, tentando induzir e inspirar titulares da acção penal para os imensos melindres de toda esta urdidura. E fez sempre tudo por si. Alegadamente sozinho. Com a sua imensa ciência jurídica, a sua prodigiosa intuição política e a sua sensibilidade única para os problemas nacionais, que lhe vinha dos tempos de Felgueiras.Como fez tudo sozinho, tem de pagar exemplarmente por este excesso de zelo. Só ele é que é o culpado. De tudo. Este foi o alegado crime alegadamente mais importante de todo este alegado processo. Em termos da importância da alegada responsabilidade penal primeiro vêm os alegados crimes das alegadas fugas de informação, depois os alegados abusadores da alegada liberdade de expressão (todos eles alegados travestis de alegado jornalismo) e por último, mas não em último, Lopes da Mota.O primeiro-ministro, alegadamente nada tem a ver com o Freeport, tanto que alegadamente não consta do alegado processo e nem sequer conhece o alegado Charles Smith, embora o primo ache que sim. O ministro da Justiça nada tem a ver com o caso, ele que desde Macau, alegadamente, não contacta com nenhum juiz. Portanto, Lopes da Mota está condenado a ser o bode alegadamente expiatório. Para o país é tudo uma questão de fé. Acreditem os crentes e os crédulos. O valor supremo é a presunção da alegada inocência. Alega-se, logo existe. E, se se queixarem ao presidente, levam um processo em cima. E se duvidarem, levam um processo em baixo. "

É assim que se faz jornalismo .
PARABÉNS, MÁRIO CRESPO !
....

3 comentários:

  1. Meu caro Bento, não posso deixar de discordar de ti e sobretudo do inefável Crespo, que se limita a fazer insinuações torpes e a discordar do princípio constitucional da presunção de inocência. A meu ver tornou-se num dos piores jornalistas portugueses, ao que parece desde que lhe recusaram um "tacho" que tinha ou pretendia obter.
    É público e notório que os magistrados, sobretudo os do MP, não têm qualquer simpatia pelo 1º ministro. Então porque não o acusam, e nem sequer o constituem arguido? Por medo? De quê? Ou por não terem qualquer indício contra ele? Incclino-me mais para esta 2ª hipótese. E como não têm qualquer indício credível contra Sócrates, vingam-se no Lopes da Mota, acusando-o por uma conversa que eu e tu, como advogados, sabemos perfeitamente que é normalíssima entre magistrados. O que é lamentável é que estes queiram sacrificar um colega e amigo para tentar, indirecta e enviesamente, atingir o 1º ministro. É mais do que lamentável: é nojento.
    Abraço do velho amigo
    Horta Pinto

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  2. Meu Caro Bento:

    Nunca teria pensado ver-te dar guarida a um escarafunchoso como o crespo.Mas entusiasmares-te com ele, é que nunca faria parte dos meus piores pesadelos.

    Concordo com o HP e acrescento: o método da conjugação de insinuações não provadas com factos irrelevantes, embrulhando pessoas diversas em alusões e meias-verdades, é um método pidesco.É a direita no seu melhor, é a matilha mediática na sua máxima raiva.

    Aliás, talvez fosse bom apurares por que razão o crespo, tendo sido um fiel pró-governamental nos primeiros tempos, passou a acirrado opositor a partir de um certa altura.

    Enfim, estranho que um exigente arauto do BE baixe assim a guarda perante um rafeiro mediático de segunda categoria.

    Um abraço

    Rui

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  3. Fui zurzido forte e feio pelos m/ queridos amigos AHP e Rui .

    As bordoadas não cairam em saco roto e, por isso, aí vai o meu acto de contrição quanto ao " entusiasmo" posto na apresentação de mário crespo.
    Mea culpa !

    Efectivamente, não o conheço tão bem que me permitisse os encómios.

    Dito isto e feita a devida auto crítica, vamos ao que interessa.

    Se o homem está animado de révanche por tacho não concedido ou se é um perigoso submarino ou "malfeitor" a mando da direita, devo dizer que desconheço.

    Vou tentar informar-me melhor.

    E já agora, aqui fica desde já o repto ao AHP e ao Rui : o que fez em concreto este senhor p/ assim ser qualificado ?
    Pois que estou convicto que não vos move, também a vocês, qualquer espécie de révanche.

    Quanto ao resto, ou seja, quanto à oportunidade do artigo de MC e quanto ao conteúdo do mesmo, mantenho a m/ plena concordância .

    E não se esgrima com a presunção jurídica de inocência . Para estes efeitos, uma coisa são os Tribunais, outra é a Política.

    Se não, que dizer dos Isaltinos, Valentins, Dias Loureiros § Cª ? Não continuam eles judicialmente inocentes e, não obstante, politicamente inábeis ?
    Nestas, como noutras matérias, não pode haver dois pesos e duas medidas . Ou pode?!...

    É que não se passa de bestial a besta por em tempos se ter sido todo falinhas mansas com o PS, e agora, porque fora do redil....


    Quanto ao "método pidesco" do MC consubstanciando "a direita no seu melhor, ... a matilha mediática na sua máxima raiva", etc., apenas duas palavras :


    Primeiro, valha a verdade, o senhor em questão não reproduz no artigo em causa insinuações, meias verdades e factos irrelevantes embrulhando abusivamente pessoas diversas.

    Pelo contrário, MC diz os nomes, preto no branco ; e

    Depois, não faz insinuações.
    Limita-se a afirmar e fazer eco - é verdade que nas entrelinhas - das inquietações e dúvidas que todos, ou quase todos, já nos colocámos a nós próprios face ao incompreensível silêncio do 1º ministro que nesta matéria deveria ter tido o escrúpulo de desfazer.
    Afinal ele é o 1º ministro !

    E se enveredamos aqui por aquele tipo de adjectivação, que aliás pouco ajuda à clarificação das coisas, que nos resta para comentar a TVI da inefável Manuela Moura Guedes ?

    Tiveram contudo estes comentários um mérito suplementar não esperado :

    Permitiu-nos registar, com agrado, que afinal "exigentes arautos " do PS reconhecem que o BE, ainda que através de um simples aderente de base tenha alegadamente baixado a guarda perante a direita.

    Afinal o PS sempre conta com o BE para cerrar fileiras.
    Valha-nos ao menos isso !
    É um bom começo !..

    21 de Agosto de 2009 13:5

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